79,
80 e 81 – Trilogia Pusher – internet – 05/06
Nicolas
Winding mergulha no submundo da criminalidade de Copenhagen em três bons estudos
de personagens relacionados ao tráfico de drogas. E nos leva junto com ele. Em
todos os capítulos (mas em especial no primeiro e no segundo), o diretor situa
a ação em ambientes escuros, mesmo quando estamos de dia. O resultado gera
filmes darks, com uma atmosfera muito
apropriada à criminalidade de uma cidade grande e fria como Copenhagen. É um
tipo de filmagem que eu acredito ter influenciado a forma de filmar de
diretores como Paul Greengrass, que usa um estilo parecido com os dos filmes
‘Pusher’ quando filma a ação europeia nos filmes Bourne.
A
levada realista de Refn nos envolve em todo esse contexto de criminalidade,
criando uma proximidade perturbadora entre espectador e personagens. É
interessante ainda como o diretor usa os clichês do gênero a seu favor,
estabelecendo seus tipos sem glamourizar a atividade criminosa em momento
algum.
Tudo
é muito seco, muito cru, sem a violência gráfica ou fetichista que o diretor
usaria (muito bem) como linguagem nos excelentes ‘Bronson’ e ‘Drive’.
No primeiro filme, o diretor adota uma câmera
realista, quase documental (porém estável e praticamente invisível diante dos
atores/personagens) e abre mão de recursos (usa trilha sonora ambiente, nada de
câmera lenta), para focar a ação na semana do traficante Frankie. Assim, Refn nos
promove uma jornada angustiante junto com o protagonista conforme ele vai
esgotando suas opções de resolver seus problemas.

MEMO: (Revelações do enredo) A suspensão final é
corajosa e surpreendente - a suspensão no final acaba por se tornar uma marca de toda a trilogia.
No segundo, Tonny (Mads Mikkelsen), coadjuvante do
primeiro filme, torna-se o protagonista. Aqui, Refn apura seu estilo utilizando
mais recursos, usando a trilha sonora e uma câmera lenta aqui e ali, a luz
vermelha ambiente por algumas vezes, mas mantendo a estética realista e investindo
mais no drama, ainda que o clima de tensão percorra toda a narrativa.

Aqui, no entanto, a trama em si acaba mais em
segundo plano do que no primeiro filme, voltando realmente o foco para Tonny,
que passa o filme num processo de ebulição, em especial no que diz respeito à
sua relação com o pai.
MEMO: (Revelações do enredo) A última cena de pai e
filho no filme.
No terceiro e talvez menos interessante dos três
capítulos, Refn faz do improvável Milo o seu protagonista. Mantendo a
identidade realista do primeiro filme, o dinamarquês nos leva para acompanhar
um dia na vida do chefão iugoslavo, enquanto ele tenta se livrar do vício e
lidar com a pressão de um lado no trabalho e de outro pelo aniversário da
filha.
Gosto do ator Zlatko Buric e apesar de alguns tempos
mortos, sentimos a tensão no ar o tempo todo e o filme ganha com as guinadas do personagem. Uma pena então que por
vezes elas demorem a acontecer.
MEMO: O ‘açougue’ improvisado.