Retorno de Robert Zemeckis ao live action, 'O voo' é um conto sobre os desdobramentos de um acidente de avião na vida do piloto que salvou o dia, no caso, o viciado Whip Whitaker (Denzel Washington). Em sua abordagem a caminho da suposta redenção, o filme esbarra no moralismo - e desculpe o linguajar, mas é uma sacanagem o Oscar não se tocar de que o clipe da indicação de Denzel na noite de premiação entregava a grande resolução do filme.

O conto moral de Whip Whitaker tem uma premissa fascinante. Qual é o tamanho da culpa de um herói que estava sob efeito de álcool e drogas no momento de seu ato heróico?

Já manifestei aqui o quanto acho uma pena que ele tenha se restrito a filmes de ação medíocres onde, aí sim, interpreta sempre o tipo fodão. Mas no geral, admiro Denzel porque ele me convence em personagens complexos sem grandes artifícios de caracterização de sua imagem. Ele está basicamente sempre com o mesmo cabelo, a mesma cara, o mesmo físico. O que muda é o que está por dentro. É quase teatral.
E foi justamente Denzel que me fez sair do cinema mais inclinado a conceituar 'O voo' como um bom filme, apesar da guinada moralista. Porque mesmo com a cara e o carisma de sempre, Denzel é fodão.
MEMO: A participação de James Badge Dale como um doente terminal é tão estranha quanto marcante; e toda a sequência do acidente de avião vai fazer você ter medo de embarcar durante algum tempo.