17/05
Mal-estar
O mal-estar
Estar
Está
Por vir a ser
Por não ser, eis a questão
Que coloca no olho do furacão
O diapasão
Da solidão que é o mal
Estar em que se encontra
É o que se compra na televisão
Quem vai pagar, quem vai vender
Você vencer viver vir ver
E ler
O que se escreve na biografia
Geografia de quem foi, do boi
Epitáfio de dia:
"Aqui esteve o mal
Em si, se vá
Estava em mim
O mal-estar, está".
"é necessário devorar leão, ser leão; atacar leão; gritar uma supernova a cada minuto, o amor brilha." Ericson Pires
Encruzilhada
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Uma boa história
História curiosa: o poeta Antonio Cabral Filho estava no ponto de ônibus e encontrou, no lixo, aos seus pés, o jornal 'O Globo' com a reportagem sobre o blog e o projeto 'Um poema por dia'.
Leu, curtiu e recomendou.
Ele conta esta história no post do seu próprio blog, 'Antonio Cabral Filho verso & prosa'.
http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br/2013/05/cronicas-do-lirismo-imediato-1-poesia.html?showComment=1370016990210#c6667992392581157008
Leu, curtiu e recomendou.
Ele conta esta história no post do seu próprio blog, 'Antonio Cabral Filho verso & prosa'.
http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br/2013/05/cronicas-do-lirismo-imediato-1-poesia.html?showComment=1370016990210#c6667992392581157008
Música do dia #12 - Just Like a Woman - Jeff Buckley
Just Like a Woman - Jeff Buckley
Composição: Bob Dylan
Letra
Nobody feels any pain
Tonight as i stand inside the rain
Ev'rybody knows
That baby's got new clothes
But lately i see her ribbons and her bows
Have fallen from her curls.
She takes just like a woman, yes, she does
She makes love just like a woman, yes, she does
And she aches just like a woman
But she breaks just like a little girl.
Queen mary, she's my friend
Yes, i believe i'll go see her again
Nobody has to guess
That baby can't be blessed
Till she sees finally that she's like all the rest
With her fog, her amphetamine and her pearls.
She takes just like a woman, yes, she does
She makes love just like a woman, yes, she does
And she aches just like a woman
But she breaks just like a little girl.
It was raining from the first
And i was dying there of thirst
So i came in here
And your long-time curse hurts
But what's worse
Is this pain in here
I can't stay in here
Ain't it clear that --
I just can't fit
Yes, I believe it's time for us to quit
When we meet again
Introduced as friends
Please don't let on that you knew me when
I was hungry and it was your world.
Ah, you fake just like a woman, yes, you do
You make love just like a woman, yes, you do
Then you ache just like a woman
But you break just like a little girl.
Composição: Bob Dylan
Nobody feels any pain
Tonight as i stand inside the rain
Ev'rybody knows
That baby's got new clothes
But lately i see her ribbons and her bows
Have fallen from her curls.
She takes just like a woman, yes, she does
She makes love just like a woman, yes, she does
And she aches just like a woman
But she breaks just like a little girl.
Queen mary, she's my friend
Yes, i believe i'll go see her again
Nobody has to guess
That baby can't be blessed
Till she sees finally that she's like all the rest
With her fog, her amphetamine and her pearls.
She takes just like a woman, yes, she does
She makes love just like a woman, yes, she does
And she aches just like a woman
But she breaks just like a little girl.
It was raining from the first
And i was dying there of thirst
So i came in here
And your long-time curse hurts
But what's worse
Is this pain in here
I can't stay in here
Ain't it clear that --
I just can't fit
Yes, I believe it's time for us to quit
When we meet again
Introduced as friends
Please don't let on that you knew me when
I was hungry and it was your world.
Ah, you fake just like a woman, yes, you do
You make love just like a woman, yes, you do
Then you ache just like a woman
But you break just like a little girl.
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Um poema por dia - 16/05 - Ericson
16/05
Ericson
O poeta se foi
Choro por ele
E toda vitalidade, potencialidade
Toda visceralidade e sinceridade
Do que se encontra no chão
Um vão do em vão
Vai, ai
De mim, assim, é sim
Que vai, que foi
O poeta se foi
E o descubro já ido
Partido, ruído, caído, vivo
Vivo! Pois vive em poesia
Na maestria das palavras escritas
Bonitas, intensas, imensas, propensas a falar
O poeta se foi e mas ainda está.
Ericson
O poeta se foi
Choro por ele
E toda vitalidade, potencialidade
Toda visceralidade e sinceridade
Do que se encontra no chão
Um vão do em vão
Vai, ai
De mim, assim, é sim
Que vai, que foi
O poeta se foi
E o descubro já ido
Partido, ruído, caído, vivo
Vivo! Pois vive em poesia
Na maestria das palavras escritas
Bonitas, intensas, imensas, propensas a falar
O poeta se foi e mas ainda está.
Comentário texto 'Rasga Coração', de Oduvaldo Vianna Filho
Passei a
tarde e a noite de ontem arrebatado pelo texto de teatro de 1974 escrito por Oduvaldo
Vianna Filho, o Vianinha. Reza a lenda que Vianinha começou a escrever ‘Rasga...’
já debilitado por conta de um câncer no pulmão e ditou as últimas páginas do
texto. Morreu aos 38 anos, logo depois de terminar a obra. E ‘Rasga Coração’, é
tão intenso que parece que Vianinha disse tudo o que queria dizer e esse
processo culminou com sua morte.
Exageros à
parte, trata-se de uma realização soberba. Não apenas uma peça de teatro, mas
uma realização por tudo que é dito e alcançado na proposta do autor. A versão
que eu li possui três citações antes da seguinte introdução:
"Somos
profissionais
não vamos
agredir
agredir não
é fácil, mas transfere responsabilidades
viemos aqui
cumprir a nossa missão
a de
artistas
não a de
juízes de nosso tempo
a de
investigadores
a de
descobridores
ligar a
natureza humana à natureza histórica
não estamos
atrás de novidades
estamos
atrás de descobertas
não somos
profissionais do espanto
para achar
a água é preciso descer terra adentro
encharcar-se
no lodo
mas há os
que preferem olhar os céus
esperar
pelas chuvas"
Entendem onde quero chegar? O tamanho do lirismo e a força desta obra? E o texto em si sequer começou! Ainda nesta versão, há um
prólogo inédito com dois fragmentos onde Vianinha já começa rompendo com o
ritualístico e defendendo o teatro como lugar de contemplação e o artista como o
profissional que apresentará esse processo:
"Um teatro é o único lugar em que estamos presentes não estando
em que participamos dos acontecimentos que entretanto só acontecem
porque não estamos neles
É uma sensação doce demais, descoberta dos gregos quando descobriram
que o destino depende da maneira como entendemos"
Adotando muita ironia, Vianinha despe-se de vaidade para
assegurar que sua ruptura inicial, começando a peça de modo ‘desavisado’ não
tem nada de original, os gregos a inventaram há muito tempo.
E todo esse jogo é apenas o começo de um espetáculo em que o
autor passeia pela História do Brasil (da Revolução de 30 à Ditadura Militar)
trazendo através do conflito de gerações, os pontos de vista de pai e filho em questões
políticas e sociais, fazendo um amargo retrato das expectativas e desilusões
(em especial da classe média brasileira) através dos tempos.
Usando como centro Custódio Manhães Jr., o ‘Manguari
Pistolão’, Vianinha cria um protagonista ativista político, simpático a ideias
de esquerda. ‘Herói anônimo’, como é considerado por outros personagens por sua
militância, Manguari possui um grande conflito de ver-se diferente do filho, em
quem ele não se reconhece pela suposta falta de interesse do jovem em política
ao mesmo tempo em que se vê tomado pelos mesmos impulsos conservadores que seu
pai teve antes dele.
Extremamente político sem nunca ser panfletário, repleto de
tipos incríveis como Lorde Bundinha, ‘Rasga Coração’, além de uma aula de
História do Brasil – deveria ser estudado nos colégios – é poesia pura. Um
texto honesto, revelador, transformador, ousado, extremamente arrojado, com uma
proposta de encenação moderníssima com suas idas e vindas no tempo, uma
verdadeira obra-prima.
“Se tu queres ver a imensidão do céu e mar
refletindo a prismatização da luz solar
Rasga o Coração, vem te debruçar
sobre a vastidão do meu penar”
Catullo da Paixão Cearense — Anacleto Medeiros
música “Rasga o Coração”
Música do dia #11 - Um índio
Um índio - Maria Bethânia
Composição: Caetano Veloso
Composição: Caetano Veloso
Letra
Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito
(Refrão)
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Um poema por dia - 15/05 - Matá-lo
15/05
Matá-lo
Quero me desvencilhar de você
Matar
E sobreviver
No ato, do alto da última altura
Esta figura
Em sua assinatura
Deixou pra mim o 'porque'
Quero me desvencilhar de você
Te matar
Deixar de aprender
Saber o que meu é teu
O que sou eu
Para abraçar o que puder ser
Quero me desvencilhar de você
Pois o que apregoa ainda ecoa
Em minha cabeça, para que não esqueça
Que nem exilado, separado ou desvencilhado
Deixarei de segui-lo.
Meu querido, mais querido,
Meu amigo.
Matá-lo
Quero me desvencilhar de você
Matar
E sobreviver
No ato, do alto da última altura
Esta figura
Em sua assinatura
Deixou pra mim o 'porque'
Quero me desvencilhar de você
Te matar
Deixar de aprender
Saber o que meu é teu
O que sou eu
Para abraçar o que puder ser
Quero me desvencilhar de você
Pois o que apregoa ainda ecoa
Em minha cabeça, para que não esqueça
Que nem exilado, separado ou desvencilhado
Deixarei de segui-lo.
Meu querido, mais querido,
Meu amigo.
Um poema por dia - 14/05 - E quem se importa com a rosa a essa hora?
14/05
E quem se importa com a rosa a essa hora?
'E que me importa'
Sopra a rosa
Gira a roda
A roda rosa
A rosa gira
Sopra e vira
Vira-mundo, vira-tudo
Vira-roda
Que se importa
Vira a rosa
'Divina e graciosa
Estátua majestosa'
Da demora
Da hora
Da roda
E quem se importa com a rosa agora?
E quem se importa com a rosa a essa hora?
'E que me importa'
Sopra a rosa
Gira a roda
A roda rosa
A rosa gira
Sopra e vira
Vira-mundo, vira-tudo
Vira-roda
Que se importa
Vira a rosa
'Divina e graciosa
Estátua majestosa'
Da demora
Da hora
Da roda
E quem se importa com a rosa agora?
Música do dia #10 - A urgência - Dead Fish
A urgência - Dead Fish
Composição: Dead Fish e Bil
Letra
Hoje é o dia da revolução
Não há ninguém nas ruas
Você está sozinho
Pronto... pra sujar as mãos
Muito antes de dizer
Não havia tempo pra agir
Esquecer tudo o que leu
Más teorias pra cuspir
Muitos já tentaram, muitos vão morrer
Seja justo, não há causa, não ceda a outra face pra bater
Há urgência em estar vivo
Outra forma de pensar
Mais do que esperar
Mais do que dizer
Eu prefiria... te ver...
No fundo dos teus olhos... descobrir
Se há deuses ou heróis
Bandas, compras, drogas pra usar
Tantas coisas pra salvar
Dê a tudo isso algum valor
Onde quer que pise... ande onde quiser
Aceite as consequências do que acha que te faz melhor
Há urgência em estar vivo
Outra forma de agir
Desrespeitar sua constante dor!
Há urgência em estar vivo
Outra forma de pensar
E assumir... outro valor
Implodir... implodir...
Implodir de novo
Composição: Dead Fish e Bil
Letra
Hoje é o dia da revolução
Não há ninguém nas ruas
Você está sozinho
Pronto... pra sujar as mãos
Muito antes de dizer
Não havia tempo pra agir
Esquecer tudo o que leu
Más teorias pra cuspir
Muitos já tentaram, muitos vão morrer
Seja justo, não há causa, não ceda a outra face pra bater
Há urgência em estar vivo
Outra forma de pensar
Mais do que esperar
Mais do que dizer
Eu prefiria... te ver...
No fundo dos teus olhos... descobrir
Se há deuses ou heróis
Bandas, compras, drogas pra usar
Tantas coisas pra salvar
Dê a tudo isso algum valor
Onde quer que pise... ande onde quiser
Aceite as consequências do que acha que te faz melhor
Há urgência em estar vivo
Outra forma de agir
Desrespeitar sua constante dor!
Há urgência em estar vivo
Outra forma de pensar
E assumir... outro valor
Implodir... implodir...
Implodir de novo
terça-feira, 28 de maio de 2013
Um poema por dia - 13/05 - Ser outro, outro ser
13/05
Ser outro, outro ser
Há eu, há sim, há um
Não há, há não, nenhum
Há outro, há
Já, Já, Ha-Ha-Ha-Ha
Só há, soluto
Agudo, hirsuto
O outro só
Só hei, sou só
Só
Por ser do outro
Que sem saber
Me cerca o nó
Em dó fa mi
Ré lá si sol
Não sei se ser souber
Senão será sempre sequer.
Ser outro, outro ser
Há eu, há sim, há um
Não há, há não, nenhum
Há outro, há
Já, Já, Ha-Ha-Ha-Ha
Só há, soluto
Agudo, hirsuto
O outro só
Só hei, sou só
Só
Por ser do outro
Que sem saber
Me cerca o nó
Em dó fa mi
Ré lá si sol
Não sei se ser souber
Senão será sempre sequer.
Música do dia #9 - Somewhere (There's a place for us) - West Side Story
Somewhere (There's a place for us) - West Side Story*
Composição: Leonard Bernstein & Stephen Soundhein, com uma frase musical do 'Concerto de Piano para o Imperador', de Beethoven e uma outra frase musical do tema principal de 'O lago dos cisnes', de Tchaikovsky.
*Apesar de o filme ser estrelado por Richard Beymer e Natalie Wood, na trilha sonora oficial, quem solta a voz mesmo são Jim Bryant e Marni Nixon.
Letra
There's a place for us
Somewhere a place for us
Peace and quiet and open air
Wait for us
Somewhere
There's a time for us
Some day a time for us
Time together with time spare
Time to learn, time to care,
Some day!
Somewhere
We'll find a new way of living
We'll find a way of forgiving
Somewhere
There's a place for us,
A time and place for us
Hold my hand and we're halfway there
Hold my hand and I'll take you there
Somehow,
Some day,
Somewhere!
Composição: Leonard Bernstein & Stephen Soundhein, com uma frase musical do 'Concerto de Piano para o Imperador', de Beethoven e uma outra frase musical do tema principal de 'O lago dos cisnes', de Tchaikovsky.
*Apesar de o filme ser estrelado por Richard Beymer e Natalie Wood, na trilha sonora oficial, quem solta a voz mesmo são Jim Bryant e Marni Nixon.
Letra
There's a place for us
Somewhere a place for us
Peace and quiet and open air
Wait for us
Somewhere
There's a time for us
Some day a time for us
Time together with time spare
Time to learn, time to care,
Some day!
Somewhere
We'll find a new way of living
We'll find a way of forgiving
Somewhere
There's a place for us,
A time and place for us
Hold my hand and we're halfway there
Hold my hand and I'll take you there
Somehow,
Some day,
Somewhere!
segunda-feira, 27 de maio de 2013
Um poema por dia - 12/05 - Mater
12/05
Mater
'Mãe é o nome de deus
Nos lábios de uma criança';
São por ti, serão teus
Nossa espera, esperança
De um novo existir, um novo ser
Por dar à luz, iluminar
Teu tipo único de poder
Fazer nascer, assim criar
Assim lhe chamo: a mãe de tudo
De sobrenome natureza
Origem, símbolo; vida, mundo
Caos, equilíbrio; paz e beleza.
Mater
'Mãe é o nome de deus
Nos lábios de uma criança';
São por ti, serão teus
Nossa espera, esperança
De um novo existir, um novo ser
Por dar à luz, iluminar
Teu tipo único de poder
Fazer nascer, assim criar
Assim lhe chamo: a mãe de tudo
De sobrenome natureza
Origem, símbolo; vida, mundo
Caos, equilíbrio; paz e beleza.
domingo, 26 de maio de 2013
Música do dia #8 - Samba a dois
Composição: Marcelo Camelo
Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?
Quem se atreve a me dizer?
Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?
Quem se atreve a me dizer?
Quem se atreve a me dizer?
Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?
Quem se atreve a me dizer?
Não, eu não sambo mais em vão
O meu samba tem cordão
O meu bloco tem sem ter e ainda assim
Sambo bem à dois por mim
Bambo e só, mas sambo, sim
Sambo por gostar de alguém, gostar de
O meu samba tem cordão
O meu bloco tem sem ter e ainda assim
Sambo bem à dois por mim
Bambo e só, mas sambo, sim
Sambo por gostar de alguém, gostar de
Me lava a alma, me leva embora
Deixa haver samba no peito de quem
Deixa haver samba no peito de quem
Se atreve a me dizer
Do que é feito o samba ?
Quem se atreve a me dizer?
Quem se atreve a me dizer?
Do que é feito o samba ?
Quem se atreve a me dizer?
Do que é feito o samba ?
Quem se atreve a me dizer?
Quem se atreve a me dizer?
Do que é feito o samba ?
Quem se atreve a me dizer?
Quem me ensinou a te dizer
"Vem que passa o teu sofrer"
Foi mais um que deu as mãos entre nós dois
Eu entendo o seu depois
Não me entenda aqui por mal
Mas pro samba foi vital falar em
"Vem que passa o teu sofrer"
Foi mais um que deu as mãos entre nós dois
Eu entendo o seu depois
Não me entenda aqui por mal
Mas pro samba foi vital falar em
Me laça a alma, me leva agora
Já que um bom samba não tem lugar nem
Já que um bom samba não tem lugar nem
Se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer
Nem se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer
Nem se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer
Nem se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer
Nem se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer
Nem se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer
*Livremente inspirado neste refrão, no dia 07/02 escrevi este poema, do qual gosto muito.
"Quem se atreve a me dizer"E a poesia, o que será?
Mistério jogado no ar
Alguém como tu me dirá
Mera brincadeira de rimar
E irei, sem rima então,
Ou qualquer semelhante
Parto a me lavar a alma
Auto-condenado a criar
Se nunca houve, faço como quero
Com própria lei
Atrás de melodia
Destino das palavras
Escrevendo sons, governando tons
E já me volto a combinar
Pois cá estou pra terminar
E uma vez mais perguntar
E a poesia, o que será?
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Um poema por dia - 11/05 - Do que poderia ter sido
11/05
Do que poderia ter sido
Uma verdade calada
A ocasião de um desencontro
A escolha mal fadada
O não retorno de um ponto
Aquela história não aconteceu
Houve um amor que não se viu
Num porém, o momento se perdeu
Quem disse que ia ficar, partiu
'E se', promete o condicional
A uma versão imaginária do real
E se não feito, se não desfeito
Se não falado, encontrado, escolhido
O que faria, quem seria
O que poderia ter sido?
Do que poderia ter sido
Uma verdade calada
A ocasião de um desencontro
A escolha mal fadada
O não retorno de um ponto
Aquela história não aconteceu
Houve um amor que não se viu
Num porém, o momento se perdeu
Quem disse que ia ficar, partiu
'E se', promete o condicional
A uma versão imaginária do real
E se não feito, se não desfeito
Se não falado, encontrado, escolhido
O que faria, quem seria
O que poderia ter sido?
Comentário Show Gilberto Gil: Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo
Gilberto Gil: Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo
Uma vez eu tive o privilégio de encontrar Gilberto Gil ao
vivo. Pude entrevistá-lo num Tá na Área da Copa de 2010, no SporTV. Até então,
conhecia pouco da obra do homem. Mas quando ele entrou no estúdio, senti uma
energia diferente. Senti que estava diante de alguém muito especial. E não
apenas por sua simpatia, elegância e importância, mas por algo que não se vê,
algo que ele carrega consigo.
Gil é quase uma divindade, uma entidade. Sua energia, sua
presença, sua classe. Sem dúvidas, um sujeito elevado.
Fora sua qualidade e relevância para a música brasileira (e
mundial). Ver Gil ao vivo, portanto, é testemunhar não só um monstro, como um
monumento, e um pedaço da história da música. Sem dúvida, é um dos grandes.
O show com a orquestra sinfônica de Salvador e os homens das
cordas (Bem Gil na guitarra e violão, Nicolas Krassik no violino e Jaques
Morelenbaum no tchello – fazendo também as vezes de maestro nas músicas que não
toca) e do ritmo (o percussionista Gustavo Di Dalva) é simplesmente arrebatador.
Os arranjos das músicas que combinam violão e instrumentos da orquestra são de
uma beleza de cair o queixo.


Aos 70 anos (idade que ele não parece ter de jeito nenhum) e em plena atividade, Gil mistura erudito, folclórico, regional, tradição, raiz,
África, Europa e Nordeste, e sem nenhuma necessidade, prova uma vez mais o
que já sabemos.
Que é um homem muito especial.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Música do dia #7 - Little Lion Man
Little Lion Man - Mumford & Sons
Composição: Ted Dwane, Ben Lovett, Marcus Mumford and Country Marshall
Composição: Ted Dwane, Ben Lovett, Marcus Mumford and Country Marshall
Letra
Weep for yourself, my man,
You'll never be what is in your heart
Weep little lion man,
You're not as brave as you were at the start
Rate yourself and rake yourself,
Take all the courage you have left
Wasted on fixing all the problems that you made in your own head
You'll never be what is in your heart
Weep little lion man,
You're not as brave as you were at the start
Rate yourself and rake yourself,
Take all the courage you have left
Wasted on fixing all the problems that you made in your own head
But it was not your fault but mine
And it was your heart on the line
I really fucked it up this time
Didn't I, my dear?
And it was your heart on the line
I really fucked it up this time
Didn't I, my dear?
Tremble for yourself, my man,
You know that you have seen this all before
Tremble little lion man,
You'll never settle any of your score
Your grace is wasted in your face,
Your boldness stands alone among the wreck
Now learn from your mother or else spend your days biting your own neck
You know that you have seen this all before
Tremble little lion man,
You'll never settle any of your score
Your grace is wasted in your face,
Your boldness stands alone among the wreck
Now learn from your mother or else spend your days biting your own neck
But it was not your fault but mine
And it was your heart on the line
I really fucked it up this time
Didn't I, my dear?
And it was your heart on the line
I really fucked it up this time
Didn't I, my dear?
Um poema por dia - 10/05 - O casamento
10/05
O casamento
Muito após o pedido
Minha mão está contigo
Ouvindo coisas sem sentido
Que não nos tiram o sorriso
Sim, te quero comigo
Sim, serei teu amigo
Teu amigo, o mais querido
Rumo ao desconhecido
E prometo amar-te e respeitar-te
Ser teu companheiro,
Por inteiro
Fazendo-nos iguais
Correndo a vida juntos,
Nada mais.
O casamento
Muito após o pedido
Minha mão está contigo
Ouvindo coisas sem sentido
Que não nos tiram o sorriso
Sim, te quero comigo
Sim, serei teu amigo
Teu amigo, o mais querido
Rumo ao desconhecido
E prometo amar-te e respeitar-te
Ser teu companheiro,
Por inteiro
Fazendo-nos iguais
Correndo a vida juntos,
Nada mais.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Música do dia #6 - O que você quer saber de verdade
O que você quer saber de verdade - Marisa Monte
Composição: Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte
Vai sem direção
Vai ser livre
A tristeza não
Não resiste
Solte os seus cabelos ao vento
Não olhe pra trás
Ouça o barulhinho que o tempo
No seu peito faz
Faça sua dor dançar
Atenção para escutar
Esse movimento que traz paz
Cada folha que cair,
Cada nuvem que passar
Ouve a terra respirar
Pelas portas e janelas das casas
Atenção para escutar
O que você quer saber de verdade
Composição: Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte
Vai sem direção
Vai ser livre
A tristeza não
Não resiste
Solte os seus cabelos ao vento
Não olhe pra trás
Ouça o barulhinho que o tempo
No seu peito faz
Faça sua dor dançar
Atenção para escutar
Esse movimento que traz paz
Cada folha que cair,
Cada nuvem que passar
Ouve a terra respirar
Pelas portas e janelas das casas
Atenção para escutar
O que você quer saber de verdade
terça-feira, 21 de maio de 2013
Um poema por dia - 09/05 - A vitrine da vovó
09/05
A vitrine da vovó
"Toda minha vida está aí'
Ela me diz
Como quem quis
Me convidar a entrar
Cá está
Tudo em seu lugar
Entre lembranças
Heranças
Do amor
Do avô
À melodia de uma caixinha de música
Há memória
História
E ela deixa de ouvir para estar
Entre palhaços, canetas tinteiras
Milhares de peças resistem inteiras
Unidas, coladas, se soltam, separam
Pedaços da vida
Escurecida, se apagam
Entre livros e jóias
Louças e oração
Entre o silêncio se colocam
As notas de uma canção
Do que nos deixa, do que se foi
Do que se vai, do que ficou
Uma melodia repetida e ouvida
Através do tempo, dos anos, da vida
Quero chorar, não consigo.
É algo maior que se junta comigo
Sobre o que é, o que fica
Sobre o que há, não se explica
Nesta tarde de maio, me domina, me ensina
E assim, de repente, se fecha e termina.
A vitrine da vovó
"Toda minha vida está aí'
Ela me diz
Como quem quis
Me convidar a entrar
Cá está
Tudo em seu lugar
Entre lembranças
Heranças
Do amor
Do avô
À melodia de uma caixinha de música
Há memória
História
E ela deixa de ouvir para estar
Entre palhaços, canetas tinteiras
Milhares de peças resistem inteiras
Unidas, coladas, se soltam, separam
Pedaços da vida
Escurecida, se apagam
Entre livros e jóias
Louças e oração
Entre o silêncio se colocam
As notas de uma canção
Do que nos deixa, do que se foi
Do que se vai, do que ficou
Uma melodia repetida e ouvida
Através do tempo, dos anos, da vida
Quero chorar, não consigo.
É algo maior que se junta comigo
Sobre o que é, o que fica
Sobre o que há, não se explica
Nesta tarde de maio, me domina, me ensina
E assim, de repente, se fecha e termina.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Música do dia #5 - Gimme Shelter
Gimme Shelter - The Rolling StonesComposição: Mick Jagger e Keith Richards
Oh, a storm is threat'ning
My very life today
If I don't get some shelter
Oh yeah, I'm gonna fade away
My very life today
If I don't get some shelter
Oh yeah, I'm gonna fade away
War, children, it's just a shot away
It's just a shot away
It's just a shot away
Oh, see the fire is sweepin'
Our very street today
Burns like a red coal carpet
Mad bull lost its way
Our very street today
Burns like a red coal carpet
Mad bull lost its way
War, children, it's just a shot away
It's just a shot away
It's just a shot away
Rape, murder!
It's just a shot away
It's just a shot away
It's just a shot away
It's just a shot away
Rape, murder!
It's just a shot away
It's just a shot away
The floods is threat'ning
My very life today
Gimme, gimme shelter
Or I'm gonna fade away
My very life today
Gimme, gimme shelter
Or I'm gonna fade away
War, children, it's just a shot away
It's just a shot away
It's just a shot away
I tell you love, sister, it's just a kiss away
It's just a kiss away
Kiss away
It's just a kiss away
Kiss away
Filmes e Memorabilia 2013 - Elena
76.
Elena – 18/05 – cinema

Ao
constatar traços da personalidade sua falecida irmã mais velha em si mesma, a
diretora, roteirista e atriz Petra Costa faz uma viagem de sensibilidade ímpar
para reconstruir o caminho de Elena até a sua morte, por suicídio, em Nova
York.
Petra
usa imagens de arquivo, arquivo da família, encena reconstituições que se fazem
passar por arquivo, e coloca o próprio corpo e rosto para servir de guia nas
imagens atuais que cobrem gravações em off da irmã, passagens que ela mesma
narra, sempre endereçando-as a Elena e ainda alguns depoimentos, quase sempre
da mãe. Tudo sob uma trilha sonora deslumbrante, contando com material original
e material licenciado.
Sempre
filmando subjetivamente, Petra alcança um nível de aproximação e intimidade
assombrosas e acaba construindo uma obra sensorial melancólica, dramática,
poética ao extremo e muito pessoal, porém sem nunca deixar de ser relevante ao
público enquanto experiência.
Ao
fim, estamos tão próximos de toda a história de Elena que temos a vontade de
encontrar a família, em especial mãe e filha, para dar-lhes um grande abraço.
Há aqueles que rejeitam a tristeza. Petra Costa abraçou a triste história de
sua irmã e fez dela um grande poema cinematográfico, uma linda realização que a
ajuda a superar a perda, o medo de seguir o mesmo caminho e ainda colocar a
irmã num lugar em que ela esteja bem: o da saudade, da memória.
MEMO:
Qualquer momento em que Elena apareça dançando, em especial o primeiro do
filme, com ela quase deixando de ser criança, de vestido, em casa; o corte
feito de Elena para a mãe num quadro quase igual, em preto e branco,
evidenciando a semelhança entre as duas; Elena filma a lua e faz o ponto luminoso
dançar diante de sua câmera enquanto responde a quem lhe perguntara 'Tá dançando sozinha' 'Não, tô dançando com a lua; as mulheres
flutuando de vestido nas águas.
Música do dia #4 - Não tenho medo da morte
Não tenho medo da morte - Gilberto Gil
Composição - Gilberto Gil
Não tenho medo da morte
Composição - Gilberto Gil
Não tenho medo da morte
Mas sim medo de morrer
Qual seria a diferença
Você há de perguntar
É que a morte já é depois
Que eu deixar de respirar
Morrer ainda é aqui
Na vida, no sol, no ar
Ainda pode haver dor
Ou vontade de mijar
Qual seria a diferença
Você há de perguntar
É que a morte já é depois
Que eu deixar de respirar
Morrer ainda é aqui
Na vida, no sol, no ar
Ainda pode haver dor
Ou vontade de mijar
A morte já é depois
Já não haverá ninguém
Como eu aqui agora
Pensando sobre o além
Já não haverá o além
O além já será então
Não terei pé nem cabeça
Nem figado, nem pulmão
Como poderei ter medo
Se não terei coração?
Já não haverá ninguém
Como eu aqui agora
Pensando sobre o além
Já não haverá o além
O além já será então
Não terei pé nem cabeça
Nem figado, nem pulmão
Como poderei ter medo
Se não terei coração?
Não tenho medo da morte
Mas medo de morrer, sim
A morte e depois de mim
Mas quem vai morrer sou eu
O derradeiro ato meu
E eu terei de estar presente
Assim como um presidente
Dando posse ao sucessor
Terei que morrer vivendo
Sabendo que já me vou
Mas medo de morrer, sim
A morte e depois de mim
Mas quem vai morrer sou eu
O derradeiro ato meu
E eu terei de estar presente
Assim como um presidente
Dando posse ao sucessor
Terei que morrer vivendo
Sabendo que já me vou
Então nesse instante sim
Sofrerei quem sabe um choque
Um piripaque, ou um baque
Um calafrio ou um toque
Coisas naturais da vida
Como comer, caminhar
Morrer de morte matada
Morrer de morte morrida
Quem sabe eu sinta saudade
Como em qualquer despedida.
Sofrerei quem sabe um choque
Um piripaque, ou um baque
Um calafrio ou um toque
Coisas naturais da vida
Como comer, caminhar
Morrer de morte matada
Morrer de morte morrida
Quem sabe eu sinta saudade
Como em qualquer despedida.
domingo, 19 de maio de 2013
Um poema por dia - 08/05 - João, meu irmão
08/05
João, meu irmão
É meu irmão,
Homem de criação
À procura de si
Como todos daqui
É meu sangue
Minha gíria
Meu igual
Minha família
Hoje não há certo ou errado,
Bruto de sorriso puro;
Hoje celebro nosso passado
Hoje aposto em nosso futuro
Tua voz é minha voz
O teu jeito, meu trejeito
Irmão de corpo, rosto, feroz
Aqui lhe faço meu respeito
Touro como o pai
Cascudo como a mãe
Carisma como o irmão;
Às vezes um moleque
Por sempre foi Vicente
Pra sempre é meu João.
João, meu irmão
É meu irmão,
Homem de criação
À procura de si
Como todos daqui
É meu sangue
Minha gíria
Meu igual
Minha família
Hoje não há certo ou errado,
Bruto de sorriso puro;
Hoje celebro nosso passado
Hoje aposto em nosso futuro
Tua voz é minha voz
O teu jeito, meu trejeito
Irmão de corpo, rosto, feroz
Aqui lhe faço meu respeito
Touro como o pai
Cascudo como a mãe
Carisma como o irmão;
Às vezes um moleque
Por sempre foi Vicente
Pra sempre é meu João.
Filmes e Memorabilia 2013 - Looper
75.
Looper - 17/05 – DVD
É extremamente louvável o esforço do autor e diretor Rian Johnson em fazer seu nome no cinema americano. ‘Looper’ é seu terceiro longa-metragem; os outros foram ‘A ponta de um crime’ (2005) – que não vi – ‘Vigaristas’ (2008) – que vi, mas apesar de interessante, confesso que não lembro muito, preciso ver de novo... – todos escritos e dirigidos por ele. Apesar de independente, Johnson consegue atrair gente bacana para os seus projetos (Adrien Brody, Mark Ruffalo e Rachel Weisz em ‘Vigaristas’; Bruce Willis, Jeff Daniels, Emily Blunt e Joseph Gordon-Levitt – que também esteve em ‘A ponta...’ – neste aqui).
Apesar
das boas intenções, fiquei com um gosto de um filme regular que ‘poderia ser
muito melhor’. Além da excelente premissa original não desenvolvida a contento,
o filme possui uma penca de furos (regra ao se tratar de um filme de viagem no
tempo, mas acompanhe alguns neste divertido vídeo)
e se entrega a um sem-número de clichês que, particularmente, me irritaram,
tais como os tiros que não acertam o sujeito de jeito nenhum, o envolvimento
romântico sem muito fundamento, a explicação em off, a stripper, entre alguns
outros.
A
crise de conteúdo em Hollywood é tamanha que um filme regular de roteiro
original e com uma premissa criativa chama a atenção (apesar de não
necessariamente faturar alto, o que de fato interessa para a indústria).
É extremamente louvável o esforço do autor e diretor Rian Johnson em fazer seu nome no cinema americano. ‘Looper’ é seu terceiro longa-metragem; os outros foram ‘A ponta de um crime’ (2005) – que não vi – ‘Vigaristas’ (2008) – que vi, mas apesar de interessante, confesso que não lembro muito, preciso ver de novo... – todos escritos e dirigidos por ele. Apesar de independente, Johnson consegue atrair gente bacana para os seus projetos (Adrien Brody, Mark Ruffalo e Rachel Weisz em ‘Vigaristas’; Bruce Willis, Jeff Daniels, Emily Blunt e Joseph Gordon-Levitt – que também esteve em ‘A ponta...’ – neste aqui).

Com
pouca visibilidade nos cinemas, já vi ‘Looper’ ser apontado como um futuro cult, com uma pérola da ficção
científica futurista, etc. Sempre me interesso muito pelo tema viagens no tempo
e a premissa aqui é original e quase filosófica ao passo que existe um conflito concreto
entre eliminar ou não a sua própria versão do futuro. Pessoalmente, acredito
que se Rian Johnson tivesse se mantido focado nesta questão o filme chegaria
muito mais longe.
Dividir
a atenção entre o Joe do futuro (Bruce Willis) e o do presente (Joseph Gordon-Levitt)
é interessante e ousado narrativamente, assim como o desenvolvimento de uma
trama maior em torno do protagonista, mas acho que essa divisão acaba reduzindo
a força e a presença do personagem principal, cuja jornada quase se torna
coadjuvante em relação à procura pela tal criança Rainmaker. Também acredito que, apesar de Bruce Willis ser um
monstro do carisma, o personagem poderia ter sido mais desenvolvido por outro
ator pela complexidade da situação e da própria persona do homem – convenhamos,
não é de hoje que Bruce Willis parece atuar no piloto-automático do carisma,
pagando sempre de sou-herói-de-filme-de-ação.


Ao
mesmo tempo, é bonito ver Rian Johnson corajoso, abraçando a ambiguidade e deixando
de lado qualquer maniqueísmo na construção de seus personagens, chegando a
botar Bruce Willis para assassinar uma criança inocente a sangue frio. Também é
admirável a maneira como o realizador se preocupa com todo o tratamento do
conceito de sua obra, equilibrando-se entre o baixo orçamento (U$30 milhões nos
EUA é baixo orçamento) e a criação de conceitos interessantes, tanto na
história, com a telecinese originada de uma mutação genética e a própria dinâmica
de funcionamento dos loopers, quanto na encenação, com a maquiagem de Joseph
Gordon-Levitt, de modo a deixa-lo mais parecido com Bruce Willis. Somada à
atuação precisa de Gordon-Levitt, que às vezes emula uma versão jovem dos
trejeitos de Bruce, o conceito funciona muito bem.

Ainda
que mereça aplausos, talvez mais pelo esforço de trabalho realizado do que pela
realização em si (e faltou citar a atuação assustadoramente realista do menino Pierce
Gagnon), ‘Looper’ também merece um puxão de orelha ainda por se dar ao luxo de praticamente
desperdiçar a presença de Jeff Daniels e Paul Dano.
MEMO:
O corte de perspectiva da queda do jovem Joe pela janela no presente para a
vida dele até se tornar o velho Joe que acaba voltando no tempo é absolutamente
fantástico.
Trailer
Trailer
sábado, 18 de maio de 2013
Música do dia #3 - Triste Bahia
Triste Bahia - Caetano Veloso
Composição - Caetano Veloso, com parte do poema 'Triste Bahia', de Gregório de Matos, o Boca do Inferno!
Composição - Caetano Veloso, com parte do poema 'Triste Bahia', de Gregório de Matos, o Boca do Inferno!
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante…
Estás e estou do nosso antigo estado
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado
Rico te vejo eu, já tu a mim abundante
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante
A ti tocou-te a máquina mercante
Quem tua larga barra tem entrado
A mim vem me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante
Estás e estou do nosso antigo estado
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado
Rico te vejo eu, já tu a mim abundante
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante
A ti tocou-te a máquina mercante
Quem tua larga barra tem entrado
A mim vem me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante
Triste, oh, quão dessemelhante, triste
Pastinha já foi à África
Pastinha já foi à África
Pra mostrar capoeira do Brasil
Eu já vivo tão cansado
De viver aqui na Terra
Pastinha já foi à África
Pastinha já foi à África
Pra mostrar capoeira do Brasil
Eu já vivo tão cansado
De viver aqui na Terra
Minha mãe, eu vou pra lua
Eu mais a minha mulher
Vamos fazer um ranchinho
Tudo feito de sapê, minha mãe eu vou pra lua
E seja o que Deus quiser
Eu mais a minha mulher
Vamos fazer um ranchinho
Tudo feito de sapê, minha mãe eu vou pra lua
E seja o que Deus quiser
Triste, oh, quão dessemelhante
ê, ô, galo canta
O galo cantou, camará
ê, cocorocô, ê cocorocô, camará
ê, vamo-nos embora, ê vamo-nos embora camará
ê, pelo mundo afora, ê pelo mundo afora camará
ê, triste Bahia, ê, triste Bahia, camará
Bandeira branca enfiada em pau forte…
ê, ô, galo canta
O galo cantou, camará
ê, cocorocô, ê cocorocô, camará
ê, vamo-nos embora, ê vamo-nos embora camará
ê, pelo mundo afora, ê pelo mundo afora camará
ê, triste Bahia, ê, triste Bahia, camará
Bandeira branca enfiada em pau forte…
Afoxé leî, leî, leô…
Bandeira branca, bandeira branca enfiada em pau forte…
O vapor da cachoeira não navega mais no mar…
Triste Recôncavo, oh, quão dessemelhante
Maria pé no mato é hora…
Arriba a saia e vamo-nos embora…
Pé dentro, pé fora, quem tiver pé pequeno vai embora…
Bandeira branca, bandeira branca enfiada em pau forte…
O vapor da cachoeira não navega mais no mar…
Triste Recôncavo, oh, quão dessemelhante
Maria pé no mato é hora…
Arriba a saia e vamo-nos embora…
Pé dentro, pé fora, quem tiver pé pequeno vai embora…
Oh, virgem mãe puríssima…
Bandeira branca enfiada em pau forte…
Trago no peito a estrela do norte
Bandeira branca enfiada em pau forte…
Bandeira…
Bandeira branca enfiada em pau forte…
Trago no peito a estrela do norte
Bandeira branca enfiada em pau forte…
Bandeira…
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Um poema por dia - 07/05 - Havemos, hão, há
07/05
Havemos, hão, há
Há quem sofra
Quem lamente
Há quem fuja
Quem se ausente
Há o perdido
O trovador
Há o vencido
O desbravador
Há quem não pense
Há quem não viva
Há quem não tente
Há quem não sinta
Há quem não veja
E o que não sonha
Há quem esteja
Sob a própria sonha
Há quem pereça
Por ser própria calma
E há quem se esqueça
De que tem alma.
Havemos, hão, há
Há quem sofra
Quem lamente
Há quem fuja
Quem se ausente
Há o perdido
O trovador
Há o vencido
O desbravador
Há quem não pense
Há quem não viva
Há quem não tente
Há quem não sinta
Há quem não veja
E o que não sonha
Há quem esteja
Sob a própria sonha
Há quem pereça
Por ser própria calma
E há quem se esqueça
De que tem alma.
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Filmes e Memorabilia 2013 - Dentro da casa
66.
Dentro da casa – 03/04 - Cinema
Francois
Ozon é um realizador diferenciado. Inquieto e prolífico, desde 2002 consegue
manter uma média woodyalleniana de um
filme por ano, passeando entre gêneros e entregando bons filmes como ‘Swimming
Pool’ e o extraordinário ‘Amor em cinco tempos’.
Quase
sempre de posse de um olhar cínico em relação à sociedade, aqui Ozon brinca –
como já havia feito em ‘Swimming Pool’ – com o processo criativo na escrita,
produzindo um atmosfera de thriller no decorrer do processo.
Adaptando
o texto ‘El chico de la ultima fila’, do dramaturgo contemporâneo espanhol Juan
Mayorga (‘Hamellin’, ‘A tartaruga de Darwin’), o francês investe na
metalinguagem para discutir as liberdades que a ficção toma quando se baseia na
realidade, além de outros temas como mediocridade e frustração.
Para
a tarefa, Francois Ozon conta com, pelo menos, um quarteto inspirado: Fabrice
Luchini (o professor Germain), Ernst Umhauer (o aluno Claude), Kristin Scott
Thomas (a mulher do professor, Jeanne) e Emmanuelle Seigner (Esther, mãe do
amigo de Claude).
O
resultado é um filme intrigante, que decupa os meandros da escrita literária, cresce
e toma rumos inesperados conforme sua narrativa avança, sempre sendo conduzida
com elegância e alguma acidez por esse sempre relevante cineasta, Francois Ozon.
MEMO: (ATENÇÃO: O TRECHO A SEGUIR REVELA UM EPISÓDIO IMPORTANTE DO
ENREDO):
O beijo de Claude e Esther.
Música do dia #2 - Se todos fossem iguais a você
Foi trabalhando com essa música que me apaixonei pelo teatro, há quatro anos.
Composição - Tom Jobim e Vinícius de Moraes
Vai tua vida
Teu caminho é de paz e amor
A tua vida
É uma linda canção de amor
Abre os teus braços e canta
A última esperança
A esperança divina
De amar em paz
Teu caminho é de paz e amor
A tua vida
É uma linda canção de amor
Abre os teus braços e canta
A última esperança
A esperança divina
De amar em paz
Se todos fossem
Iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar, a sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar
Como o sol, como a flor, como a luz
Amar sem mentir, nem sofrer
Iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar, a sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar
Como o sol, como a flor, como a luz
Amar sem mentir, nem sofrer
Existiria a verdade
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você
*no exercício de interpretação proposto pelo mestre Almir Telles, antes de cantar esta canção eu deveria interpretar o monólogo de Orfeu, também escrito por Vinícius para o espetáculo 'Orfeu da Conceição', em 1954.
Vai de lambuja, para ouvir, na interpretação de Maria Bethânia, ou para ler:
Mulher mais adorada!
Agora que não estás,
deixa que rompa o meu peito em soluços
Te enrustiste em minha vida,
e cada hora que passa
É mais por que te amar
a hora derrama o seu óleo de amor em mim, amada.
Agora que não estás,
deixa que rompa o meu peito em soluços
Te enrustiste em minha vida,
e cada hora que passa
É mais por que te amar
a hora derrama o seu óleo de amor em mim, amada.
E sabes de uma coisa?
Cada vez que o sofrimento vem,
essa vontade de estar perto, se longe
ou estar mais perto se perto
Que é que eu sei?
Este sentir-se fraco,
o peito extravasado
o mel correndo,
essa incapacidade de me sentir mais eu, Orfeu;
Tudo isso que é bem capaz
de confundir o espírito de um homem.
Cada vez que o sofrimento vem,
essa vontade de estar perto, se longe
ou estar mais perto se perto
Que é que eu sei?
Este sentir-se fraco,
o peito extravasado
o mel correndo,
essa incapacidade de me sentir mais eu, Orfeu;
Tudo isso que é bem capaz
de confundir o espírito de um homem.
Nada disso tem importância
Quando tu chegas com essa charla antiga,
esse contentamento, esse corpo
E me dizes essas coisas
que me dão essa força, esse orgulho de rei.
Quando tu chegas com essa charla antiga,
esse contentamento, esse corpo
E me dizes essas coisas
que me dão essa força, esse orgulho de rei.
Ah, minha Eurídice
Meu verso, meu silêncio, minha música.
Nunca fujas de mim.
Sem ti, sou nada.
Sou coisa sem razão, jogada, sou pedra rolada.
Orfeu menos Eurídice: coisa incompreensível!
A existência sem ti é como olhar para um relógio
Só com o ponteiro dos minutos.
Tu és a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo,
minha amiga mais querida!
Meu verso, meu silêncio, minha música.
Nunca fujas de mim.
Sem ti, sou nada.
Sou coisa sem razão, jogada, sou pedra rolada.
Orfeu menos Eurídice: coisa incompreensível!
A existência sem ti é como olhar para um relógio
Só com o ponteiro dos minutos.
Tu és a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo,
minha amiga mais querida!
Qual mãe, qual pai, qual nada!
A beleza da vida és tu, amada
Milhões amada! Ah! Criatura!
Quem poderia pensar que Orfeu,
Orfeu cujo violão é a vida da cidade
E cuja fala, como o vento à flor
Despetala as mulheres -
que ele, Orfeu,
Ficasse assim rendido aos teus encantos?
A beleza da vida és tu, amada
Milhões amada! Ah! Criatura!
Quem poderia pensar que Orfeu,
Orfeu cujo violão é a vida da cidade
E cuja fala, como o vento à flor
Despetala as mulheres -
que ele, Orfeu,
Ficasse assim rendido aos teus encantos?
Mulata, pele escura, dente branco
Vai teu caminho
que eu vou te seguindo no pensamento
e aqui me deixo rente quando voltares,
pela lua cheia
Para os braços sem fim do teu amigo
Vai teu caminho
que eu vou te seguindo no pensamento
e aqui me deixo rente quando voltares,
pela lua cheia
Para os braços sem fim do teu amigo
Vai tua vida, pássaro contente
Vai tua vida que estarei contigo.
Vai tua vida que estarei contigo.
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