52. A hora mais escura – 15/02 - cinema
‘A hora mais escura’ assume que agentes americanos
conseguiram através do uso da tortura informações vitais para a localização de
Osama Bin Laden. O simples fato de mostrar essas cenas poderia fazer parecer
que o filme está condenando a prática. Não é o caso. Neste filme, os
torturadores são os mocinhos. Mocinhos sim, pois por mais que realizadores
tentem afirmar que a lógica do filme é imparcial e busca mostrar todos os lados
da caçada a Osama, pra mim, é balela.

O filósofo
esloveno Slavoj Zizek, ao decorrer sobre o filme, colocou a seguinte questão:
‘A serviço de quem está uma representação da tortura que se apresenta como
neutra’? A diretora Kathryn Bigelow afirmara, em carta ao Los Angeles Times,
que ‘representação não é aprovação, elogio’. Zizek, por sua vez, coloca que
‘ninguém precisa ser um moralista, ou ingênuo sobre as urgências da luta contra
ataques terroristas, para pensar que torturar um ser humano é, em si mesmo,
algo tão destruidor que representa-lo de maneira neutra – isto é, neutralizar
este caráter destruidor – é por si uma maneira de apoiá-lo’.

Para um
retrato americano mais honesto sobre a posição do país em sua cruzada contra o
terrorismo, sugiro uma sessão dupla com o documentário ‘Procedimento
Operacional Padrão’, de Errol Morris, sobre os abusos em Abu Ghraib e a ficção
‘Guerra sem cortes’, de Brian De Palma (completo no link abaixo), sobre
assassinatos cometidos por soldados americanos no Iraque.
MEMO: À parte da política, o filme é uma boa fita de ação. E
a sequência da captura de Bin Laden é memorável em sua claustrofobia e
escuridão.