Encruzilhada

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domingo, 27 de janeiro de 2013

Filmes e Memorabilia - 'Hahaha', 'Take this waltz', 'Holy Motors' e 'O abrigo'

Lista de filmes do ano (passando a limpo porque comecei as anotações no início de 2013 mas o blog só saiu agora...):


1. Hahaha – 02/01 – Cinema

O filme tem uma proposta interessante com o encontro de dois amigos retratado por quadros parados da conversa enquanto as narrativas dos dois em suas viagens são contadas em flashback, sem os dois se tocarem em momento algum que cruzaram o caminho das mesmas pessoas e, por pouco, não deram de cara um com o outro. No entanto, nesse clima de conversa de bar, as histórias emulam uma simplicidade de acontecimentos que, pra mim, não gerou grande interesse. 

MEMO: Memorável e a fala que um dos protagonistas ouve de um herói histórico da cidade durante um sonho: ‘Escreva um poema por dia’. Peguei pra mim.

2. Entre o amor e a paixão (Péssimo título em português para ‘Take this waltz’) – 02/01 – Cinema

Atriz em crescimento exponencial, Michelle Williams merece aplausos. Não só pela atuação neste filme, mas pela carreira que vem traçando, ora com trabalhos de qualidade em produções maiores (o vindouro ‘Oz: Mágico e Poderoso’, ‘Sete dias com Marilyn’); ora trabalhando com grandes diretores (‘Brokeback Mountain’, de Ang Lee; ‘Ilha do Medo’, de Scorsese; ‘Sinédoque, Nova York’, a estreia de Charlie Kaufman na direção); ora estrelando produções independentes (‘Namorados para Sempre’; ‘Não estou lá’) caso desse segundo filme dirigido pela também atriz canadense Sarah Polley.
Amargo, indie e fofo, ‘Take this waltz’ aparentemente traz uma visão menos romântica do casamento, mas seu principal objetivo é discorrer sobre a insatisfação, sobre o medo do ‘In Between’ que apavora Margot (e talvez muitos outras mulheres e homens do mundo moderno de forma geral).
Um drama humano com uma pegada realista, mas ainda assim com um colorido todo especial e algumas cenas memoráveis. E é sempre bom encontrar Seth Rogen.

MEMO: Daniel (Luke Kirby) diz a Margot (Michelle) o que faria com ela na cama; a cena do passeio no brinquedo ao som de ‘Video killed the radio star’; a fala de Gerry, personagem de Sarah Silverman: ‘A vida tem uma lacuna. Deixe de tentar preenchê-la como uma maluca’; e especialmente (ALERTA DE REVELAÇÕES SOBRE O ENREDO!) a cena com a música de Leonard Cohen que dá nome ao filme, acompanhando com um giro contínuo de 360º ao redor da sala de Daniel os momentos do novo casal com direito a beijo, muito sexo, experiências sexuais, carinho e terminando com os dois em silêncio na frente da TV.

3. Holy Motors – Cinema – 02/01

Um filme como eu, pessoalmente, nunca tinha visto. Um misto absolutamente fantástico de surrealismo com poesia, ousadia, sonho, crítica, metalinguagem e, talvez acima de tudo, cinema. Perde um pouco do ritmo com a proximidade do fim, mas trata-se de uma experiência única.
É provocador e poético e Denis Lavant é simplesmente um animal. Um sujeito de meio metro de altura dando uma aula de atuação com pleno domínio de voz, corpo, caracterização e capaz de literalmente se transformar em um empresário, uma velha mendiga, um herói de filmes de ação, um assassino, um pai de família, um velho à beira da morte...

MEMO: Entre grandes momentos, toda a sequência do Senhor Merd; toda a sequência das coreografias de Motion Capture; os dois momentos musicais (o dos acordeons na igreja e a cena cantada com Kylie Minogue); a surreal sequência inicial, que parece saída de um sonho, em que o próprio diretor Leos Carax acorda em um quarto de hotel, desvenda o papel de parede em forma de floresta e acaba chegando ao cinema, que passa a refletir o próprio cinema.


4. O Abrigo – 02/01 - DVD

Honestamente, esperava mais. Michael Shannon é fera e a história de paranoia pode até evocar o comportamento da sociedade americana pós-11 de setembro, mas a tensão não chegou do lado de cá. A construção da narrativa através da piora no estado de Curtis (Shannon) pode ser ela mesma um retrato da experiência do espectador, que acompanha a história sem saber se o homem é um esquizofrênico ou se de fato está prevendo uma apocalipse por vir. Esse paralelo é bacana. Mas a expectativa não se concretiza a contento e por vezes o próximo passo do roteiro é previsível.

MEMO: (ALERTA DE REVELAÇÕES SOBRE O ENREDO!) Curtis e Samantha (Jessica Chastain) contemplam a tempestade vindo e a visão de Curtis se tornando real.