85. O Homem de Aço - 19/06 - cinema
Confesso que, pra mim, já deu;
estou CHEIO;
dos diálogos espositivos, da história explicadinha, da esterilidade e da insensibilidade;
das megalomanias;
das propagandas escancaradas na minha cara como se eu não fosse perceber;
de adorar heróis e pessoas que não falam a minha língua;
do lixo americano, um fast food travestido de arte, me sendo empurrado garganta abaixo;
da glorificação do exército americano;
dos bons atores desperdiçados, acomodados e dos que se prestam a isso;
das boas atrizes restritas ao papel de mocinha em perigo;
dos machos castrados que submetem as mulheres a serem usadas no cinema como alívio sexual e das mulheres que se submetem a isso e a coisa pior;
da submissão por dinheiro, sucesso, carreira, atenção;
dos efeitos especiais, do barulho, da velocidade, de tudo isso, tanto assim;
dos americanos destruindo, destroçando cidade atrás de cidade, revivendo de novo e de novo um sombrio desejo de morte em massa;
de ser tratado como adolescente;
de querer ser criança na sala escura;
Hoje, eles me fazem bocejar, me enjoam, me irritam, me entristecem.
São os filmes? Sou eu.
Estou cheio.
Mudei. Ou estou mudando.
Desculpa aí, quis desabafar.