63. A caça – 22/03 – cinema
Como é bom ver Thomas Vinterberg (Festa de Família) em
forma novamente. Tendo Mads Mikkelsen (mais de uma vez exaltado por aqui) como
ator principal, só melhora o resultado. ‘A caça’ é uma ótima pedida, ainda em
cartaz por aí.
Apesar de ter a pedofilia abordada no tema central, trata-se
apenas de um caminho para focar em um estudo do que acontece em uma pequena
sociedade desenvolvida (de uma cidade do interior da Dinamarca) quando uma mentira vira verdade abraçada por - quase - todo mundo.
Em meio a uma atmosfera gelada, ressaltada pelo andamento da
narrativa, além do som e da paleta de cores da fotografia, Vinterberg brinca
com o espectador ao deixar que saibamos que tudo não passa de uma mentira de
uma menininha, para nos colocar no papel de Lucas (Mikkelsen, premiado em Cannes por seu trabalho no filme), acusado
injustamente e sem ninguém que ouça sua versão dos fatos.
Sobre isso, há um
pequeno incômodo: a indignação de Lucas soa, por vezes, civilizada demais. O
personagem aparentemente não luta o suficiente ou com tenacidade o bastante
para contar a todos o que aconteceu de verdade. Um pequeno 'porém' compensado pela cena do supermercado e a cena da igreja.
Bem servido de atuações, especialmente por Mikkelsen,
compondo um sujeito amável que conquista a confiança do espectador desde o
início e a mantém até o fim, o que só ressalta a dramaticidade de usa jornada, ‘A caça’ ainda traz um grande trabalho de Annika Wedderkopp como a jovem Klara,
assustadoramente convincente (e méritos aqui também para a direção de atores de
Vinterberg, capaz de extrair esse tipo de performance complexa e cheia de
nuances de uma menina de 7 anos de idade).
MEMO: A sombria cena em que Klara conta a mentira
para a diretora, estopim para o desenvolvimento dos acontecimentos da história.