Encruzilhada

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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Filmes e Memorabilia 2013 - Indomável Sonhadora


54. Indomável Sonhadora – 22/2 – cinema

‘Indomável Sonhadora’ nos oferece um retrato de uma comunidade pobre, tão à margem da sociedade que parece pertencer a outro tempo, a uma espécie de futuro apocalíptico. Ancorado em uma concepção estética fantástica e na verdade de cena evocada por seus (não)atores, o filme fascina pelo quadro que compõe, sem nunca se aprofundar nas mazelas de seus protagonistas (um suposto neorrealismo pós-crise não passa perto daqui). Por um lado, isso poderia despertar críticas por conta de uma super-estetização da pobreza, mas essa possibilidade é esvaziada uma vez que estamos vendo o mundo pelos olhos de uma criança.

E que criança. Quvenzhané Wallis, cinco anos de idade (!!!) quando foi escolhida como protagonista, domina o filme de tal forma que fica difícil imaginar como seria outra criança ali, ou até se o filme poderia existir sem ela. Através dos olhos de Hushpuppy, enxergamos aquele grupo de pessoas vivendo como partes intrínsecas da natureza (como em algum dia foram todos os homens). Logo atrás da fabulosa Quvenzhané Wallis vem Dwight Henry, um padeiro da vida real que aqui interpreta seu pai, Wink, alcoólatra mas preocupado em ensinar para a jovem filha como sobreviver.

Confesso que esperava um pouco mais de ‘Indomável Sonhadora’. Apesar do bonito estudo sobre as raízes do ser humano à sua terra, encenado ao som de muito folk épico e com belas imagens, o filme é mais um retrato do que uma narrativa em si. Tive a impressão de que poderia ser um curta ou um média metragem (é baseado numa peça de teatro, inclusive). Mas aí também, talvez não tivéssemos a oportunidade de conhecer ou de ver por tanto tempo em cena essa força da natureza chamada Quvenzhané Wallis (cujo próprio nome parece anunciar).

MEMO: A cena da festa no prólogo, culminando com Hushpuppy correndo com fogos sinalizadores (imagem que ilustra o cartaz do filme).