51. Jorge Mautner – Filho do Holocausto – 14/02
Tentativa bem-sucedida em injetar novidade no popular gênero
do documentário musical brasileiro, ‘Jorge Mautner...’ se junta a um clube de
filmes que souberam como fazer uma biografia de um ícone da música e ao mesmo
tempo fugir dos clichês do gênero. Neste clube, incluo ‘Não estou lá’, de Todd
Haynes, sobre Bob Dylan, e ‘Control’, de Anton Corbijn, sobre Ian Curtis.
Apesar de se tratar de um documentário (enquanto esses outros
dois filmes são ficções), o doc de Pedro Bial e Heitor D’Alincourt se sobressai
por adotar como linguagem um traço definidor do biografado, de modo a refletir
como cinema a personalidade de quem está sendo retratado. Assim, temos um pouco
de teatro, um pouco de cinema, um pouco de literatura, um pouco de jornalismo,
um pouco de poesia e muita música.
Uma verdadeira figura (e pelos registros, sempre foi assim), aos
72 anos, Mautner destila seu talento, sua arte e, em especial, sua alegria
contagiante enquanto recebe amigos, ouve depoimentos e contribui com a
narrativa de sua própria história através de números musicais e leituras de seu
livro, ‘O filho do holocausto’.
Como dizia o trailer deste doc, este é um cara que você tem
que conhecer.
MEMO: Além da performance de Mautner e banda em ‘Maracatu
Atômico’, no início do filme, e dos momentos do artista em conversa com sua
filha, Amora (nomeada com o feminino da palavra ‘amor’!), destaco a emocionante
participação de Gilberto Gil que, cantando com voz e violão (e acompanhado pelo
violão do filho Bem), leva Jorge às lágrimas.