Com domínio técnico e equilibrando estilo autoral
sem afetação, Nicholas Winding Refn flerta com Terence Malick e Werner Herzog
para criar um pequeno épico viking. Tendo a natureza (em especial a mata, a
água, a névoa e o vento) como um personagem crucial da narrativa, o dinamarquês
aborda a passagem da barbárie para a Idade Média em um filme sujo, denso,
pesado e pessimista, retratando fielmente o estado de coisas da época.
Como os melhores exemplares, é uma obra que exige
do espectador; há signos e possíveis significados lançados à mesa; existe uma
desconstrução do épico medieval para a formação de um filme de reflexão e
sensibilidade, ainda que com seus (bons) momentos de violência gráfica.
Madds Mikkelsen dá uma aula de como, graças ao bom
trabalho e a presença física do ator, um personagem pode tomar o filme pra si sem
falar uma palavra sequer, aproveitando-se do material que lhe foi oferecido para criar um personagem marcante. Enquanto seu diretor (e co-roteirista) é seguro, direto e convicto,
além de filmar excepcionalmente bem.
MEMO: Particularmente, gosto das cenas do barco na
névoa espessa, uma encenação simples, quase teatral, mas bonita e
claustrofóbica, no tom do restante do filme.
40. O Homem do Futuro – 03/01 – TV
O projeto brasileiro com a temática da viagem no tempo tem em Wagner
Moura o seu dono. Vindo de um personagem do tamanho do Capitão Nascimento, aqui ele é capaz de fazer rir e convencer, em uma mesma cena, como
três personagens diferentes. Observá-lo em cena é um prazer, uma aula.
MEMO: João e Helena (Alinne Moraes) cantam Tempo Perdido no palco da
festa na universidade.