Encruzilhada

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segunda-feira, 4 de março de 2013

Comentário - Translunar Paradise - Só até 9/03!


Translunar Paradise
Tempo de Duração: 70 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
Direção: George Mann
Dramaturgia: George Mann
Elenco: Kim Heron, George Mann, Deborah Pugh

Até 9 mar 2013
dom, qua, qui e sex 19:00 (sáb 18h e 20h30) 

Fica em cartaz apenas até dia 9 de março, no CCBB o espetáculo Translunar Paradise. Montagem do grupo londrino Theatre Ad Infinitum, a peça rodou festivais europeus e chega ao Brasil comovendo sem palavras.

Em cena, a história de um homem lidando com a perda de sua companheira de toda vida. Para a encenação, George Mann (também autor e diretor do espetáculo) e Deborah Pugh misturam mímica com ballet e teatro mudo, com um que ainda de teatro de máscaras por conta da representação escolhida para os personagens enquanto idosos. Tudo ao som da bela música quase minimalista de Kim Heron, toda vestida de preto, usando apenas o acordeão e voz para suas interferências musicais e cênicas.

Abdicando de palavras na busca por retratar o que não pode ser dito, ‘Translunar Paradise’ conta uma história de amor comum, que pode evocar sentimentos de familiaridade em diversas plateias ocidentais. George e Deborah quase literalmente se transformam em cena, dando uma aula de expressão corporal e exibindo um domínio técnico estupendo de interpretação, gesto, movimento e presença de cena.

A crítica Barbara Heliodora escreveu que a linguagem escolhida pelo grupo não dá conta de encenar a história contada. “A mímica tem limites e não serve realmente para informar se estamos vendo lembranças da mocidade ou as tais figuras de um paraíso de fantasias de que fala o programa”. Eu simplesmente me pergunto: e realmente importa saber o que estamos vendo? Se fantasias de um homem que sofre a falta da amada que se foi ou se um paraíso de lembranças de outros tempos? Não poderias ser a mesma coisa as fantasias e as lembranças? Afinal, onde ficam guardadas as memórias senão no próprio corpo, aí incluídos mente, coração e alma?

Se você me perguntar eu digo corra para o teatro. Este é um espetáculo delicado, sensível, emocionante. E lindo.