53. O amante da rainha – 20/02 – cinema
Se fosse feito nos Estados Unidos, ‘O amante da rainha’ seria
um dramalhão de época. Passado na Dinamarca e falado em inglês. Como o filme
que enfoca a união de uma inglesa com o rei dinamarquês na derrocada dos
regimes absolutistas europeus é uma co-produção Dinamarca/Sueca/Rep.Tcheca,
temos uma superprodução refinada, porém, mais interessante do que a grande
maioria dos filmes ‘históricos’ feitos por Hollywood. E falado na língua local.
;)
Se fosse americano, o filme provavelmente traria um romance
açucarado em primeiro plano e a instabilidade política como pano de fundo.
Aqui, o romance não é açucarado, é ‘pé no chão’. Vemos os acontecimentos se
desenvolverem sob o ponto de vista de Carolina (Alicia Vikander), a ‘mocinha’,
progressista, leitura dos iluministas e ansiosa por mudanças; o ‘mocinho’ Friedrich
Struensee (Madds Mikkelsen, sempre bom encontrá-lo) tem seus ideais, mas é
pragmático. O que quero dizer é: em ‘O amante da rainha’, menos é mais. Tons
menos exagerados contribuem para a construção de uma experiência mais honesta,
humana e real.
Se estivéssemos falando de uma produção hollywoodiana,
certamente questionaríamos um provável tom caricato dado ao rei Christian. Como
não é o caso, resta-nos louvar a interpretação de Mikkel Boe Følsgaard e sua
aposta em um tipo que poderia facilmente ser abordado de forma unidimensional,
mas que se revela complexo, com uma infantilidade e um certo tom de melancolia
que faz com que lamentemos por sua situação. Merece aplausos pela performance.
Não à toa, o ator recebeu o Urso de Prata no Festival de
Berlim do ano passado, onde o filme ainda saiu premiado com o Urso de Prata de
Roteiro para Nikolaj Arcel e Rasmus Heisterberg.
MEMO: REVELAÇÕES DO ENREDO! –
Friedrich realizando que não foi perdoado e que está, na verdade, a caminho da
forca.